domingo, 6 de novembro de 2011

Vândalos X Visigodos

Hoje à tarde vi isso na Quinta da Boa Vista. Ao vivo.
http://www.youtube.com/watch?v=z6ALHapGUmk&feature=related
Mas eles estavam às dezenas. Totalmente paramentados, com direito a elmos, grevas, manoplas e perneiras. Meu primeiro impulso foi correr (alguma parte cretina do meu cérebro não sofreu atualizações desde a Idade das Trevas, prezumo, de modo que pessoas com armadura da papier marché ainda parecem uma ameaça à minha integridade física). Meu segundo impulso foi apontar para eles e rir pra caralho. Mas, no fim, acho que os moleques merecem mesmo é um sorriso e uns tapinhas nas costas.
Explico.
Muita gente, é claro, achava bizarra a cena. Mas os guris estavam se divertindo. Todos. Não vi ninguém amuado; todos aceitavam as regras do jogo. Uns empolgados corriam pra lá e pra cá com gritos de incentivo ao "clã", provocavam os adversários e faziam fanfarras. Mas ninguém se machucou. Ninguém se ofendeu e (repito) todo mundo estava gostando.
E havia meninas! Fui nerd antes mesmo de cunharem a palavra - para os simpáticos e truculentos animais com quem cresci eu era apenas "cdf" ou "lerdão" - e nós não tínhamos fêmeas! Só posso chegar à conclusão de que isto é um avanço para a espécie...
Numa bosta de mundo em que babacas espacam homossexuais, torcidas se trucidam até a morte e adolescentes fritam o cérebro fumando esterco com naftalina, grupos de moleques loucos se digladiam com espadas de plástico e armaduras que soltam partes quando eles correm... de maneira saudável, jovial e divertida.
Espero que os Vândalos e os Visigodos (ou gregos e troianos, ou romanos e cartaginenses, ou orcs e elfos...) continuem se matando com fair play todos os domingos, na Quinta.

sábado, 2 de abril de 2011

Paulo e Asdrobaldo

Há um conto, se não me engano do Graciliano Ramos, em que um sujeito está sendo morto por um câncer, e o chama de Paulo. Para me proteger de minha óbvia tendência autodestrutiva, criei uma espécie de recurso mental parecido, e imputo todas as minhas atividades de autossabotagem a uma personalidade subconsciente, o Asdrobaldo.
Recentemente, o Asdrobaldo me deu um baita golpe: se aproveitou da vida corrida, extenuante e atabalhoada que levo para conduzir um vírus ao meu coração. Tive um troço terrível, parecido com um infarto, que me deixou cinco dias numa UTI e mais dois num quarto de hospital. Pude pensar bastante neste tempo acamado. Eu não preciso do Asdrobaldo. Já acabo comigo de forma bastante competente sem precisar de placebos psicológicos.
Acho que se continuar tão aplicado em me espremer para arrancar de mim suco de trocados para alimentar o leão parasita do imposto de renda, da próxima vez o infarto vai ser pra valer.
Caramba, jamais pensei que ia chegar a este ponto, mas... pra porra comigo!

domingo, 24 de outubro de 2010

Eleições 2010

Um segundo turno infeliz com dois candidatos que não aprecio. Sinto-me como um herege levado à presença da Inquisição e que, no fim das contas, tem que escolher que diabos de suplício quer passar pelos próximos quatro anos.
Escolho, então, o menos mau: não quero o PSDB no comando desta joça nem de sacanagem!
Estou ouvindo um montede gente falando dos problemas do PT, do Zé Dirceu, dos sacanas do PMDB... mas só quem tem a memória muito, muito curta não lembra a merda em que chafurdávamos sob o jugo sorridente de FHC.
Pra porra com essa tertúlia!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Queridos psicopatas

Recentemente, a conversa com uma amiga chamou minha atenção para uma estranha predileção minha: eu gosto de psicopatas. Não os reais, etendam bem, e muito menos a bicha incubada do Norman Bates, que coloca as roupas da mãe e fica parecendo uma versão anorexica da Vovó Mafalda, mas os bons, maus e intelectualmente elegantes - Hanibal Lecter, Dexter Morgan, o personagm psicótico e encantador de Kevin Costner em Instinto Secreto, o terrível Christian Bale em Psicopata Americano... Em noites de baixo astral, até o imundo do Michael Myers parece um cruzado infernal e prende minha atenção por mais ou menos duas horas. Isso não há de ser uma predileção saudável, eu sei, mas fazer o quê?
Venho reparando no tipo de gente que é morta por estes maravilhosos verdugos, e chego à conclusão de que se trata do pior tipo de figurante: são personagens planos, unilaterais, vulgares. Grosseiros, como diria o Dr. Lecter. Obviamente, na vida real ninguém deve morrer por ser patético e desinteressante, mas a melhor parte da ficção é que ela não precisa ter laços consanguíneos com a moral (já nos dizia Oscar Wilde).
Seria isso uma espécie doentia de catarse? Porque, se for, até que combina comigo...

domingo, 26 de setembro de 2010

Estou doente de filosofar

Chafurdando em minha caixa de rascunhos, descobri a pérola abaixo, que demonstra cabalmente que já ando azucrinado e doente há pelo menos um bom par de anos:
De tanto refletir, acho que fundi minhas sinapses. Meus silogismos já não são pensamentos, são curtos-circuitos.
Deve ser minha versão doentia e abstrata do TOC: já não olho merda nenhuma como o que é; tudo que olho, olho mirando além. Mas que diabos, viver esquadrinhando simbolismos!
Há que se ter prazer em sujar as mãos... pro inferno com todos os ismos!
Beber, comer e dormir: eis aqui toda a filosofia!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Minha dieta

Peço desculpas aos dois seguidores de meu blog, além das centenas de pessoas que digitam "porra" no google atrás de websites pornográficos e aqui vêm parar, pelo longo silêncio. O problema, vocês bem sabem, é que tenho mais que fazer.
De qualquer forma, uma azia alucinada me motivou a escrever este post, talvez como uma espécie de mea culpa em relação a meu trato digestório. Ele decerto não é culpado por partilhar espaço, neste mundão de meu deus, com um cérebro danificado como o meu, que mete todo o resto deste aglomerado de órgãos e tecidos numa rotina furada que só pode ter por destino a campa. Mas, sem mais delongas, aí vai a dieta dos campeões:
  1. 05h30: um copo de água à temperatura ambiente;
  2. das 10h00 às 12h20: cerca de 600 ml de café, acompanhados ou não de biscoito maizena de sabe lá deus quando;
  3. 12h55: dois salgados comprados na birosca da escola, acompanhados de um guaraná "natural" (note que tais aspas não estão aqui a troco de nada), consumidos no breve caminho que me leva do pátio à sala de aula;
  4. 18h48: quatro choquitos comprados no sinal da Marechal Fontenelle, em Campinho, todos consumidos no espaço de mais ou menos cinco minutos;
  5. 19h10: os farelos de biscoito que o pequeno Sr. T. deixou em sua lancheira;
  6. 23h00: um hambúrguer de microondas, acompanhado de batatas fritas e refrigerante sem gás, em companhia da Dona Patroa;
  7. 23h50: a Dona Patroa.
Depois de analisar demoradamente minha dieta, cheguei à conclusão de que a coisa mais saudável que venho comendo é a Srª. minha mulher.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Novas pedradas do pequeno Sr. T.

"Pai, eu quero um lanche feliz."
"Você só quer a porcaria do brinquedo."
"Eu quero um lanche feliz com o carro que tem o boneco."
"Você não vai comer a porcaria do lanche; só quer mais um boneco pra coleção."
"Tô com fome, pai."
"Não tá, não."
"Tô sim!"
"Então vamos a um restaurante e te faço um prato decente."
"Não! Eu quero lanche feliz!"
"Olha a fila desta lanchonete! Nem tem o brinde que você quer!"
"Eu quero ver."
Vamos até o início da fila.
"Olha, não tem carro, só tem o Bakugan."
Voltamos ao final da fila.
"Você não me deixou falar com a moça, tem o carro sim!"
Vamos até o início da fila.
"Senhorita, por favor, quais são os brindes?"
"Estes bonecos do Bakugan."
Voltamos ao final da fila.
"Viu?"
"Você não me deixou falar com ela."
"Porr... filhote, não tem esta merd... este carro! Só o Bakugan!"
"Deixa eu perguntar pra ela."
Vamos até o início da fila.
"Moça, tem o brinde do carrinho com o boneco?"
"Não, este acabou semana passada."
Voltamos ao final da fila.
"E aí, filho, vamos ao restaurante?"
"Não, eu quero o lanche feliz com o brinde do Bakugan."
"..."
"Pai?"
"Só fique uns minutos à distância de mim de um braço..."