sábado, 2 de abril de 2011

Paulo e Asdrobaldo

Há um conto, se não me engano do Graciliano Ramos, em que um sujeito está sendo morto por um câncer, e o chama de Paulo. Para me proteger de minha óbvia tendência autodestrutiva, criei uma espécie de recurso mental parecido, e imputo todas as minhas atividades de autossabotagem a uma personalidade subconsciente, o Asdrobaldo.
Recentemente, o Asdrobaldo me deu um baita golpe: se aproveitou da vida corrida, extenuante e atabalhoada que levo para conduzir um vírus ao meu coração. Tive um troço terrível, parecido com um infarto, que me deixou cinco dias numa UTI e mais dois num quarto de hospital. Pude pensar bastante neste tempo acamado. Eu não preciso do Asdrobaldo. Já acabo comigo de forma bastante competente sem precisar de placebos psicológicos.
Acho que se continuar tão aplicado em me espremer para arrancar de mim suco de trocados para alimentar o leão parasita do imposto de renda, da próxima vez o infarto vai ser pra valer.
Caramba, jamais pensei que ia chegar a este ponto, mas... pra porra comigo!